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  • Foto do escritorHeloisa Rocha

T.D.A.H.

Transtorno neurobiológico é tema de três criações apresentadas na Casa de Criadores.


Graduada em Negócios da Moda pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Cenografia e Figurinos pelo Centro Universitário Belas Artes, a estilista Ana Paula Mendes é dona da ANAPAULAMENDEZ, marca de quimonos sustentáveis.


Usando um vestido longo xadrez em tons de marrom e vermelho com uma faixa preta na cintura, Ana Paula segura, com uma das mãos, parte de uma alta gola de xadrez azul, que envolve somente a parte de trás do pescoço, como se fosse um leque, e que, também, faz parte do vestido ao formar as longas mangas bufantes. Além disso, ela usa uma gargantilha preta, pequenos brincos pretos e uma maquiagem composta por um delineado rosa. Na foto, ela sorri sem mostrar os dentes e a outra mão está apoiada em sua cintura. Ana Paula é uma mulher magra de pele branca, olhos castanhos e cabelos longos e escuros, que estão presos em um coque. O fundo da imagem é uma parede de metal vermelha.
Ana Paula Mendes (Foto: Diego Zebele)

Ao tomar conhecimento da collab Moda Inclusiva & Casa de Criadores, Ana Paula Mendes viu a oportunidade de realizar o sonho de participar de um dos principais eventos de moda do país, responsável por fomentar novos talentos criativos do setor. E, também, de poder divulgar o seu trabalho e, ao mesmo tempo, contribuir com novas propostas para a moda inclusiva nacional.


Animada com a notícia, a estilista não pensou duas vezes e se inscreveu no concurso que selecionou vinte looks inclusivos para desfilarem na 53ª edição do evento de moda e, do total, três criações de Ana Paula Mendes foram escolhidas. Antes disso, em 2015, ela foi uma das finalistas do Concurso de Moda Inclusiva, realizado pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, e participou, nos anos anteriores, dos cursos de moda inclusiva promovidos pelo órgão. Além disso, a idealizadora da ANAPAULAMENDEZ realizou, em 2017, um trabalho com jovens da periferia para a Fundação Julita, no qual foram desenvolvidas roupas inclusivas com os alunos. Neste projeto, cada grupo teve de, por meio de buscas e entrevistas, criar uma peça que atendesse a limitação e o estilo do morador com deficiência da região em que esses jovens viviam.


Quando o assunto é moda, Ana Paula Mendes diz ser apaixonada pelo tema e pelo que faz e que, também, costuma se comunicar por meio de suas criações. Assim, ela garante que, na área, gosta de pesquisar os temas e os tecidos para suas ideias, entender a origem histórica das roupas e trabalhar com materiais alternativos e, dessa maneira, atribuir um novo significado a eles.


Sobre o futuro, Ana Paula Mendes torce para que a Casa de Criadores lhe abra portas para novas oportunidades e parcerias. Uma vez que, ela pretende expandir o catálogo de sua marca e, também, conseguir montar uma equipe diversa e com o mesmo propósito que o seu, ou seja, o de defender uma moda mais consciente e que contribua com a economia criativa e circular.


Sobre as criações selecionadas:

Em 15 de agosto de 2023, Ana Paula Mendes foi diagnosticada com TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). Durante o seu processo de entendimento do diagnóstico, ela soube da collab Moda Inclusiva & Casa de Criadores e, após se inscrever no concurso, aproveitou toda a pesquisa que estava fazendo para usar a condição como tema da coleção.


Dessa maneira, as inspirações vieram, segundo ela, por meio de imagens que remetessem à mente hiperativa de uma pessoa com TDAH e, além disso, cada look criado se refere a uma letra do transtorno neurobiológico. Em outras palavras, as formas e os detalhes da modelagem proposta formam uma letra.


A escolha da cartela de cores também está relacionada a todo esse processo de descoberta, uma vez que o preto representa o período anterior ao diagnóstico, ou seja, à época em que ela não entendia o porquê que se achava diferente. O branco, por sua vez, representa o momento seguinte, quando tudo foi ficando mais claro e fazendo mais sentido. E, por fim, o vermelho que retrata, de forma viva, o momento deste processo de autoconhecimento e tratamento.


Quanto às modelagens criadas, a primeira é um vestido de gola alta, mangas bufantes, bolsos cargos nas laterais e abertura frontal em zíper destacável, facilitando o ato de vestir de uma pessoa com deficiência física e/ou com mobilidade reduzida. O tecido escolhido é o algodão e, neste caso, a peça é representada pela letra T, que estará presente tanto na forma quanto nos bordados.


O segundo look é o conjunto D, que é composto por um top com formato e bordado da letra escolhida e uma calça. A parte de cima possui abertura frontal em zíper e elástico nas costas, contribuindo para a mobilidade do usuário. Já a segunda peça possui cós largo de elástico e zíper destacável em cada perna, facilitando, também, a troca.


E, finalmente, o terceiro (e último) look é um vestido longo e em modelagem A com recortes e detalhes (leia-se: bordados) que remetem à letra em questão. Assim como o primeiro modelo, a peça possui abertura frontal em zíper destacável.


Está sentindo falta de alguma letra? Para completar a sigla, Ana Paula Mendes afirma que confeccionou para si um look com referências na letra H.





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