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Foto do escritorHeloisa Rocha

Miss CNB Sarzedo 2023

Conheça a história da primeira candidata com deficiência do Miss Minas Gerais.


De pé e com uma das mãos apoiadas na cintura e a outra no quadril, Vanessa está em um ambiente composto por parede e chão branco. Ela usa um vestido bege sem mangas bordado com pedras, sandálias de tira e salto alto da mesma cor do vestido, uma coroa e um colar prateados com pedras alaranjadas e a faixa de Miss Sarzedo 2023. Fernanda usa prótese em uma das pernas e é uma mulher de pele parda, olhos castanhos e cabelos cacheados na altura dos ombros e com mechas acobreadas.
Fernanda Venâncio (Crédito: VS Estúdio)

A modelo e patinadora Fernanda Venâncio foi eleita a Miss CNB Sarzedo 2023 e, agora, se prepara para disputar, em outubro, o Miss Minas Gerais. A jovem entra para a história da disputa estadual por ser a primeira candidata com deficiência.


Mas quem é Fernanda Venâncio? A mineira de 24 anos nasceu com linfangioma (ou linfohemangioma), condição rara caracterizada por uma má formação congênita do sistema linfático que origina um tumor benigno. E, no caso dela, a doença deformou um dos pés, deixando-o roxo e bastante inchado. Por anos, ela realizou alguns tratamentos e cirurgias que agravaram ainda mais a situação, deixando o membro dolorido e com constantes sangramentos. Devido à situação, ela optou, aos 15 anos, pela amputação.


Em conversa com o blog Moda Em Rodas, Fernanda conta que atuava há algum tempo como modelo, mas que a ideia de se inscrever no concurso municipal partiu da mãe. Entretanto, para participar, ela teria que desfilar de salto e, para isso, era necessário que ela possuísse uma prótese específica e de alto valor. Felizmente, a coordenação do evento compreendeu a situação e a autorizou a participar sem o uso do calçado em questão.

No geral, todo o período de preparação para o miss municipal foi muito tranquilo. Me senti muito acolhida e respeitada pelas candidatas e pela coordenação.

Depois de ter sido eleita à Miss CNB Sarzedo 2023, uma amiga de Fernanda Venâncio realizou uma arrecadação virtual para a compra de uma prótese adaptada para salto alto. Agora, além da possibilidade de usar este tipo de calçado, a modelo mineira vai poder participar da disputa estadual sem restrições.


Atualmente, a jovem se prepara arduamente para o Miss Minas Gerais, pois, segundo ela, a deficiência física lhe exige um esforço adicional, a exemplo da passarela. De qualquer maneira, a candidata afirma que, independente do resultado, toda essa experiência tem sido um processo de crescimento e desenvolvimento pessoal.


Mulheres com deficiência em concursos de beleza

Usando um coroa e um colar prata com pedras alaranjadas e um vestido bege sem mangas bordado em pedras, Vanessa está com os braços cruzados e os lábios semiabertos. Ela é uma mulher parda, magra, de olhos castanhos e cabelos cacheados, na altura dos ombros e com mechas acobreadas. O fundo da imagem é uma parede branca.
Crédito: VS Estúdio

Em 2008, a modelo surda Vanessa Vidal representou o estado do Ceará no Miss Brasil e conquistou o segundo lugar. Infelizmente, Vanessa e Fernanda são minoria quando o assunto é a presença de mulheres com deficiência em concursos de beleza.


Quando questionada sobre o tema, Fernanda Venâncio diz que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que exista a verdadeira inclusão nesses espaços. Entretanto, ela garante que uma porta está se abrindo para que outras pessoas com deficiência mostrem suas belezas e competências. Prova disso é que a jovem mineira espera que a sua trajetória profissional motive outras mulheres a realizarem seus sonhos, independente do quão difíceis ou impossíveis possam ser.


Aos que acreditam que esses concursos valorizam unicamente a beleza física, Fernanda Venâncio explica que esses eventos vão muito além disso e que, na verdade, promovem a representatividade, a inspiração e, também, a defesa e a luta por uma causa que se acredita, pois a miss é um exemplo para muitos(as).

Inclusão é permitir que uma pessoa com deficiência participe de forma plena e ativa da sociedade.

E finaliza dizendo que os concursos destinados unicamente às pessoas com deficiência são mais segregatórios do que inclusivos, uma vez que, nas disputas à miss, a competência deve ser mais importante do que os atributos físicos.



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