Conheça o curso que coloca a pessoa com deficiência visual como protagonista da moda!
Pessoas com deficiência visual são capazes de cortar, costurar e modelar uma roupa? Se você ficou na dúvida é porque não conhece o Projeto de Moda Inclusiva, iniciativa que ofereceu oficinas gratuitas de moda, arte e design visual aos usuários da Adeva e do Cadevi.
Após alguns encontros, a primeira etapa do projeto encerra neste sábado, 20 de maio de 2023, às 10h00, na sede do Cadevi (Rua dos Heliotrópios, 338, Mirandópolis), com a entrega dos certificados e a exposição das peças produzidas pelos(as) estudantes.
A professora Rosângela Rubbo foi responsável por ministrar as oficinas e, em entrevista ao blog Moda Em Rodas, disse que, ao longo das aulas, se surpreendeu com a capacidade de adaptação dos alunos(as) a sua condição de não videntes, especialmente aguçando os outros sentidos para a realização das tarefas. Além disso, ela comentou que outro ponto positivamente surpreendente foi o fato de como a capacidade criativa, de abstração e de visualização das pessoas com deficiência visual serem mais intensas do que a de um indivíduo que enxerga.
Como professora de modelagem tenho dificuldade em fazer com que meus alunos videntes "enxergem” num molde plano, que é a peça que deverá ser confeccionada, mas que está em plano de duas dimensões.
Assim como Rosângela Rubbo, os(as) alunos(as) participantes também se surpreenderam positivamente. A consultora de inclusão Jucilene Braga Rodrigues afirmou que, no início, acreditava que iria "aprender uma coisinha ou outra", mas que, apesar do pouco tempo de aula, a turma fluiu e foi além do objetivo inicial, que era confeccionar apenas uma saia. E, para Jucilene, as oficinas foram de suma importância, pois mostraram que tanto ela como as demais são capazes de desempenhar uma atividade que, a princípio, só pessoas que enxergam fariam e, também, deram "um norte" para aqueles(as) que exerciam o ofício da costura e que, por algum motivo, perderam a visão na fase adulta.
Já a secretária Vera Lúcia Franco disse que se motivou a participar das oficinas porque queria aprender alguma coisa na sua atual posição de pessoa com deficiência visual, já que começou a perder a visão gradualmente a partir dos 55 anos. E, além do aprendizado teórico, ela ressaltou a alegria ao se deparar com os seguintes materiais adaptados: tabela de medida impressa em braille, régua de metal acoplada a um imã para que houvesse uma percepção de margem de costura, manequim marcado com cordões com relevo e fita métrica costurada de centímetro e centímetro e, nas dezenas, a implantação de um botão de modo que o aluno pudesse auferir medidas de corpo e colocá-las no tecido.
Realizado por meio do Programa de Ação Cultural (ProAC), o Projeto Moda Inclusiva é produzido pela MR2 Cultural e conta com o patrocínio do Instituto C&A, CONDUMAX e CCS. E, além da capital paulista, será realizado em mais três cidades do estado de São Paulo: Limeira, Campinas e Olímpia. E, ademais, a inciativa foi contemplada com uma edição federal que levará, no segundo semestre, as oficinas para os municípios São Felix do Xingu e Água Azul do Norte, no Pará.
A CEO da MR2 Cultural, Melaine Ribeiro, afirma que não há mais vagas para participar das oficinas tanto em São Paulo quanto no Pará, que, no caso, ficaram à cargo das instituições que fecharam parceria com a iniciativa. Entretanto, ela garante que existe a pretensão de colocar, na sequência, uma segunda edição ao término dessa, pois, segundo Melaine, o projeto foi um grande desafio, mas com as expectativas cumpridas e superadas.
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